REDES SOCAIS E O NOVO CONCEITO DE FELICIDADE

Em sua celebre obra Macbeth, o grande dramaturgo e escritor William Shakespeare, expressa a seguinte frase: “não existe arte que ensine a ler no rosto das pessoas as feições da alma”, indicando ao seu leitor sobre o jogo das aparências. Tal concepção pode ser associada ao impactante domínio da felicidade padronizada existentes nas redes sociais, explicita na excessiva demonstração de momentos de sucesso, independente das adversidades cotidianas. Desse modo, é possível analisar que as pessoas buscam simular essa vida gloriosa para se encaixarem nos padrões capitalistas de consumo e para se afirmarem emocionalmente.

A princípio é relevante destacar que as redes digitais se tornaram alvos da maioria das empresas por meio dos chamados digitais influencies, que passam a transmitir a tão aclamada felicidade veiculada com o uso de determinados produtos. Nesse enfoque, cabe destacar o princípio do prazer freudiano, o qual segundo Freud, não há segurança, bem-estar ou até mesmo estabilidade absoluta, dessa forma, o que se observa dentro das redes socais é somente mais uma das maneiras de fomentar o mercado capitalista. Logo, nota-se como a construção de uma identidade de vida está debilitada podendo resultar, posteriormente, em gritantes frustações.

Ademais, a necessidade de aprovação dentro dos perfis digitais evidencia um comportamento imponderado, resultado da precária autenticidade dos usuários. Nessa lógica, é nítido analisar o despreparo educacional por parte das escolas na formação de cidadão críticos, principalmente em relação ao uso das redes socais. Assim, cabe mencionar o ilustríssimo filósofo Immanuel Kant, por enunciar o fato de a educação ser responsável pela emancipação e capacidade de contestação do indivíduo. Posto isso, um estudo divulgado pela Universidade de Michigan apontou uma ligação entre o uso excessivo dos perfis digitais e a infelicidade, alegando que uma é diretamente proporcional a outra. Nesse sentido, fica claro as consequências da displicência do sistema educacional em formar cidadão críticos.

Portanto, é indispensável atuação do Estado – defensor dos direitos e do bem-estar da população – que proporcione aos cidadãos uma harmonização social. Assim, cabe ao Ministério da Educação agir em junto ao Ministério da Saúde e a imprensa, de modo a criar um plano de promoção de saúde emocional. Adotando como medidas resolutivas debates, lives e mídias sociais alertando sobre a importância da autoliderança, frente as propagandas exacerbadas nos meios digitais. Talvez, dessa forma, seja possível reverter esse triste cenário atual e promover a satisfação que os usuários tanto buscam.

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